por Douglas Wilson
Dia desses joguei um tweet no abismo digital e observei-o rodopiar para baixo, bem para baixo, o que me lembrou essas sementinhas que caem rodopiando das árvores.
De qualquer forma, foi isso o que eu disse:
Aqueles que não podem responder a exemplos de loucura cultural com o riso estão em processo de tornarem-se loucos.
E aqui está a minha explicação desse sentimento, pois acho que isso exige uma explicação.
Há dois tipos básicos de filmes sobre catástrofes. O primeiro é quando você está lidando com uma fileira de vulcões abaixo da principal via pública da sua cidade, e um superintendente mal pago do serviço de esgoto, com uma assistente atraente, é responsável por colocar uma cortiça neles todos, para que não pereçamos – ou algo desse tipo.
O outro tipo de filme sobre catástrofe é quando a força motriz é humana, demasiadamente humana durante todo o tempo. A esse tipo de filme chamamos de impostura (farsa).
Existe ainda um terceiro tipo, em que é feita uma tentativa de junção: aquele no qual um vilão extremamente competente assume o papel da fileira de vulcões, do asteroide gigante, do tsunami, ou do que quer que seja.
Ora, o pecado habitual dos conservadores é acreditar que eles estão no terceiro tipo de filme, em vez de estar onde realmente estão, que é no segundo.
Lembro-me da definição dada pelo lexicógrafo Ambrose Bierce à palavra idiota:
Idiota: um membro de uma extensa e poderosa tribo cuja influência nas relações humanas sempre tem sido dominante e controladora. Sua atividade não está confinada a qualquer campo específico de pensamento ou ação, mas “invade e regula o todo”. Ele tem a última palavra em tudo; sua decisão é inapelável. Ele estabelece as modas e opiniões de gosto, dita os limites do discurso e circunscreve a conduta com prazo determinado.
Os conservadores tendem a cuidar dos seus próprios negócios, buscando criar os seus filhos, fazer as suas próprias coisas. Quando começa a ficar evidente para eles que a Alta Loucura agora está comandando o show, a resposta comum é ou raiva ou medo. Motivados por isso, lançam-se em uma vida de ativismo. Mas ambas as motivações são facilmente incorporadas pelo adversário, que as usa para o seu proveito. Raiva e medo concedem autoridade demais ao inimigo – sempre nos julgamos contra Marx, mas acabamos por ser Os Irmãos Marx.
E então chegamos ao ponto. Há um certo tipo de riso que é a única resposta séria eficaz.
Dito isto, permita-me responder a uma objeção específica. Particularmente, não acho que a danação humana seja engraçada. De modo semelhante, não acho a depravação de grandes repúblicas engraçada. Não convoco um levante de riso quando a grande máquina da pobreza que é o socialismo é solta em cima das pessoas.
Mas é engraçado ver pessoas instruídas (que conseguiram tirar carteira de motorista) defendendo o socialismo. Isso se dá porque, em outro sentido, o orgulho e o senso de importância pessoal sempre são engraçados. E é esse orgulho e presunção que constroem as prisões em que as tragédias ocorrem. Se você quer sair dessa prisão, caberá a você zombar dos carcereiros. Curvar-se perante eles os deixaria mais calmos, e provocá-los com insultos de raiva apenas agrava a sua própria prisão.
“Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles” (Salmo 2.4).
De Elias escarnecendo dos sacerdotes de Baal a Jesus ridicularizando os fariseus, passando por Lutero estapeando o papado, vemos o poder da zombaria justa. Não caia no erro de pensar que o “humorista” é alguém leviano nesses nossos assuntos mortalmente sérios. Ele pode ser o único a levar a ameaça tão a sério quanto mereça, e pode ser o único a oferecer um contraponto eficaz.
Tradução: Leonardo Bruno Galdino
Original: Laughter Duty